Ômega 3 é um conjunto de ácidos graxos poliinsaturados, o que significa que eles têm duplas ligações entre as moléculas de carbono da sua estrutura, iniciando no terceiro carbono mais distante do radical carboxila, o que os diferencia dos ômegas 6 e 9. É uma definição química importante para classificar esses tipos de óleos essenciais, ou seja, óleos que os seres humanos não produzem e têm que adquirir da natureza. Os ômega 3 são compostos principalmente por ácido docosahexaenóico – DHA e ácido eicosapentaenóico – EPA. Esses ácidos graxos são encontrados em peixes de água profunda que, ao comerem pequenos crustáceos (chamados de krill em inglês) e algas, se transformam no reservatório de ômega 3.
Existem várias formas de consumo para o ômega 3 (cápsulas, xarope etc). Porém, mais importante que a forma de consumo é observar se o produto é de boa qualidade. Um bom ômega 3 deve ser ultrafiltrado, livre de mercúrio, armazenado em vidro escuro e ter a maior concentração de DHA e EPA no seu serving size. Quando compra-se um frasco de cápsulas de ômega 3, no verso existe um rótulo que determina qual a concentração de DHA e EPA por cápsula – quanto maior a concentração, melhor é o produto. Infelizmente, no Brasil, poucas marcas preenchem esses requisitos e a grande maioria está contaminada com mercúrio, oferecendo um risco maior do que o benefício. Existe um grupo internacional chamado The International Fish Oil Standards Program – IFOS, que classifica os produtos disponíveis no mercado e lista as melhores marcas de ômega 3.
O ômega 3 deve ser usado em todas as etapas da vida! Por exemplo, durante o pré-natal, contribui para o desenvolvimento adequado do sistema nervoso fetal e regula o sistema imunológico. Na amamentação, auxilia no progresso do desenvolvimento cerebral. Na infância, exerce controle sobre o sistema imunológico e a manutenção da estamina cerebral. Na vida adulta, contribui na redução dos níveis de “colesterol ruim” e triglicerídeos e na melhora dos níveis do “colesterol bom”. Por fim, na terceira idade, atua como antiinflamatório, reduzindo, por exemplo, as dores articulares, além de continuar com seu papel protetor do sistema nervoso central, auxiliando na plasticidade cerebral e regulando receptores hormonais.
No Brasil, os peixes são pobres em ômega 3 porque não temos os mesmos crustáceos nos mares que países nórdicos nem os mesmos tipos de peixe que são reservatórios de ômega 3. Além disso, apesar de sermos um país costeiro, a grande maioria da população consome peixes criados em cativeiro, os quais não são reservatórios de ômega 3.
Uma pesquisa simples na Biblioteca Americana de Medicina com a palavra “ômega 3” produz um resultado com mais de 22.000 artigos publicados. O número de publicações cresceu principalmente na última década. Existem pesquisas que correlacionam o ômega 3 com perda de peso, redução do risco cardiovascular, melhora da função cerebral em pacientes com demência e depressão, regulação do sistema imunológico em pacientes com diagnóstico de doença auto-imune (como, por exemplo, artrite reumatóide). A lista de possibilidades terapêuticas é enorme. Lembrando, mais uma vez, que o ômega 3 deve ser de boa qualidade, caso contrário não se encontra a resposta terapêutica adequada.
Fonte: Estadão ANA PAULA SCINOCCA